Investigação Revela Rede de Descontos Ilegais no INSS
O sistema previdenciário brasileiro se tornou alvo de um dos maiores escândalos de fraude dos últimos anos, com um desvio bilionário que atingiu aposentados e pensionistas do INSS. O rombo, calculado em R$6,3 bilhões, abalou a confiança dos cidadãos que dependem da renda mensal para sobreviver. A operação batizada de 'Sem Desconto', deflagrada pela Polícia Federal, aponta que o esquema vigorou entre 2019 e 2024, com um padrão de atuação que misturava tecnologia, documentação falsa e conluio de servidores de dentro do próprio órgão.
Os relatos dos beneficiários dão conta de descontos que simplesmente apareciam nos extratos sem explicação lógica. Muita gente só descobria após meses de retirada silenciosa do dinheiro. O modo de agir envolvia “autorização” para cortar cifras das aposentadorias por supostos serviços, associações e descontos sindicais – tudo elaborado com documentos falsificados. Mais de 190 mil pessoas recorreram pedindo revisão dos débitos apenas em 2024, evidenciando a dimensão da dor de cabeça entre os atingidos.
Punições, Auditagens e Expansão do Esquema
O caso foi além das suspeitas, levando ao afastamento de seis servidores, entre eles o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A lista dos envolvidos ainda inclui 29 entidades que mantinham contratos para descontos em folha — dessas, 11 já tiveram intervenções judiciais para suspender as cobranças depois de intensa pressão do Congresso e dos órgãos de controle.
As operações policiais atingiram 13 estados e o Distrito Federal. Foram expedidos nada menos que 211 mandados de busca e apreensão, totalizando uma ofensiva nacional inédita. A CGU (Controladoria-Geral da União) puxou a ponta do novelo ainda em 2023, ao observar uma alta suspeita nas reclamações sobre cobranças duvidosas. Só naquele ano, os descontos saltaram de R$617 milhões em 2019 para impressionantes R$2,8 bilhões em 2023 — um crescimento que deixou qualquer auditor desconfiado.
O trabalho dos investigadores incluiu entrevistas com 1.300 vítimas para entender melhor os impactos. Nos bastidores, há relatos de aposentados enfrentando dívidas e até mesmo dedicando parte da aposentadoria para pagar cobranças de entidades das quais nunca ouviram falar. E esse drama praticamente dobrou de tamanho nos últimos anos, segundo as auditorias.
Nessa esteira, o Congresso Nacional se movimentou. O deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL, amplificou pedidos de transparência e apoio à apuração, apontando a necessidade de endurecer as regras para contratos de descontos em folha e exigir mais clareza para os beneficiários. Muitos exigem respostas rápidas, afinal, quem perde não é só o aposentado, mas a credibilidade de todo o sistema previdenciário brasileiro.