Disney sob investigação de acionistas por suspensão de Jimmy Kimmel

Disney sob investigação de acionistas por suspensão de Jimmy Kimmel

Suspensão de Jimmy Kimmel e a reação dos acionistas

Na manhã de 17 de setembro, a ABC anunciou que "Jimmy Kimmel Live!" seria suspenso indefinidamente. A justificativa? Comentários do apresentador sobre o atirador que matou o ativista conservador Charlie Kirk, incluindo sátiras ao que ele chamou de "gangue MAGA". De repente, duas afiliadas importantes – Nexstar Media e Sinclair Broadcasting – avisaram que não transmitiriam o programa, forçando a decisão da Disney.

O que parecia ser uma disputa de conteúdo rapidamente se transformou em um caso de governança corporativa. No dia 24 de setembro, a American Federation of Teachers (AFT), afiliada do AFL‑CIO, e a organização internacional Repórteres Sem Fronteiras enviaram uma carta ao CEO Bob Iger. O documento acusava o conselho de diretoria de violar deveres fiduciários de lealdade, cuidado e boa‑fé ao colocar interesses políticos acima dos acionistas.

Para provar a acusação, os acionistas exigem acesso a tudo: atas de reuniões do conselho, e‑mails trocados entre executivos, contratos com Nexstar e Sinclair, e qualquer comunicação com oficiais do governo federal ou organizações políticas. Eles alegam que, se confirmado, a Disney pode ser responsabilizada civilmente pelos prejuízos causados.

O impacto financeiro foi imediato. Em menos de uma semana, as ações da companhia perderam cerca de US$ 4 bilhões em valor de mercado. O salto de protestos não ficou restrito ao campus da empresa em Burbank; a El Capitan Theatre, onde o programa é gravado, também recebeu manifestações de apoiadores da liberdade de expressão.

  • Mais de 400 celebridades assinaram carta aberta denunciando censura governamental.
  • Ex‑presidente Barack Obama, ex‑CEO Michael Eisner e atores como Mark Ruffalo e Tom Hanks se posicionaram contra a medida.
  • Grupos de consumidores ameaçaram cancelar assinaturas do Disney+.
  • Talentos de Hollywood deixaram o aviso de que poderiam recusar novos projetos com a empresa.

Após sete dias de tensão, a Disney anunciou a volta de Kimmel. O comunicado oficial alegava que a suspensão inicial visava "evitar inflamar ainda mais uma situação delicada em um momento emocional para o país" e reconhecia que alguns comentários foram "mal‑cronometrados".

Mesmo com o retorno, Kimmel recusou pedir desculpas à família de Charlie Kirk, afirmando que suas palavras estavam sendo distorcidas e que não se curvaria à "indignação" imposta pelos grupos conservadores.

Implicações legais e de governança

Implicações legais e de governança

A carta da AFT cita um alerta de Brendan Carr, da FTC, que supostamente ameaçou punir a ABC caso não fossem tomadas providências contra Kimmel. Se esse contato for confirmado, ele pode configurar interferência indevida do governo em decisões corporativas, algo que viola o princípio de independência do conselho.

Os acionistas também pedem estimativas detalhadas do prejuízo causado pela suspensão, bem como documentos que mostrem como a diretoria avalia riscos de conteúdo politicamente sensível. Eles querem entender se houve um cálculo racional de custo‑benefício ou se a decisão foi puramente reativa.

  1. Requisição de documentos financeiros que quantifiquem a perda de receita publicitária e de assinaturas.
  2. Relatórios internos sobre políticas de decisão de programação em contextos políticos.
  3. Cópias de acordos com as afiliadas Nexstar e Sinclair.
  4. E‑mails entre Bob Iger e outros diretores que abordem a pressão externa.
  5. Comunicações entre a Disney e representantes do governo Trump ou seus assessores.

Especialistas em direito societário alertam que, se for provado que o conselho agiu sob coação política, a Disney pode enfrentar processos de acionistas por quebra de dever fiduciário. Além de possíveis indenizações, a empresa poderia ser obrigada a reforçar seus protocolos de decisão editorial para evitar interferência externa.

O caso também reacende o debate sobre a responsabilidade das grandes conglomerados de mídia ao equilibrar liberdade de expressão e pressões de parceiros de distribuição. Enquanto redes afiliadas detêm poder de barganha sobre a exibição de programas, a postura de ceder a exigências pode criar um precedente perigoso para toda a indústria.

À medida que a investigação avança, investidores, juristas e criadores de conteúdo aguardam respostas que podem mudar o modo como as corporações de entretenimento negociam com governos e afiliadas. O que começou como um comentário de humor se transformou em uma questão central sobre quem realmente controla a narrativa nos Estados Unidos.