Ambipar despenca 45% e acumula queda de 88% em um mês

Ambipar despenca 45% e acumula queda de 88% em um mês

Quando Ambipar, a empresa de serviços de emergência ambientais com sede em São Paulo, viu suas ações cair 45,82% às 13h36 desta sexta‑feira (3 de outubro de 2025), o choque foi imediato: o papel negociava a R$ 1,49, já após uma queda de 61,48% no dia anterior.

Em apenas 30 dias, a desvalorização acumulada chegou a 88%, transformando as ações em "penny stocks" ao tocar R$ 0,91 em 6 de outubro. O que antes era um dos destaques da Bolsa, depois de subir mais de 1.000% em 2024, agora enfrenta uma crise de confiança que ameaça levar a companhia à recuperação judicial.

Contexto: da alta meteórica à tempestade de dúvidas

A virada começou com a saída inesperada do diretor financeiro João Arruda no final de setembro. Em seguida, a imprensa especializada – sobretudo o site Pipeline – revelou supostas irregularidades em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) ligado à Ambipar. Segundo a investigação, partes relacionadas à empresa operavam simultaneamente como cessionárias de direitos creditórios e como tomadoras de empréstimos usando esses mesmos direitos como garantia.

A Ambipar afirmou que grande parte de seu caixa está alocado nesse veículo, mas credores e analistas começaram a questionar a liquidez real da companhia. O tradicional contraponto veio da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), que já havia apontado inconsistências entre a dívida de curto prazo – R$ 616 milhões, cerca de 5% da dívida bruta – e a alegada dificuldade de pagamento.

Os números que assustam investidores

  • Queda de 45,82% em 3/10/2025, com ações a R$ 1,49.
  • Desvalorização acumulada de 88% em 30 dias.
  • Relatório Q2/2025 mostrava caixa de R$ 4,7 bi, mas credores encontraram apenas US$ 80 mi (≈ R$ 400 mi).
  • Dívida total de R$ 4,7 bi, com risco de rombo superior a R$ 10 bi caso cláusulas de vencimento antecipado sejam acionadas.
  • Contratação da assessoria financeira da BR Partners em 1/10/2025.

A discrepância entre o caixa declarado e o valor efetivamente localizado pelos credores gerou pânico: alguns analistas passaram a atribuir à Ambipar uma classificação de risco “extremamente alta”.

Reação do mercado e medidas emergenciais

Por volta das 12h30 de 1 de outubro, as ações despencaram quase 20% nas primeiras horas do pregão, após a notícia de que a BR Partners havia sido contratada para conduzir a reestruturação financeira. A empresa, que até então mostrava crescimento de receita e EBITDA, viu seu valor de mercado evaporar em poucos dias.

Além da assessoria, a Ambipar ingressou com um pedido de tutela cautelar no Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – buscando proteção contra credores que pretendiam acionar cláusulas de vencimento antecipado. O pedido, protocolado no final de setembro, ainda está sob avaliação judicial, mas já serviu de gatilho para a disparada de vendas ao descoberto.

Especialista do Seu Dinheiro, Ruy, comentou: "Enquanto alguns investidores preferem correr atrás de dor de cabeça, a carteira de dividendos da Empiricus tem subido 25% em 2025, e empresas como Braskem e Ambipar caem mais de 40%".

Impactos para acionistas e perspectiva de recuperação

Impactos para acionistas e perspectiva de recuperação

Para o investidor médio, a situação se traduz em perdas devastadoras. Quem comprou as ações em outubro de 2024, quando elas estavam a R$ 8,50, vê seu patrimônio reduzido a menos de um real por papel. A volatilidade também tem efeito colateral nos fundos que mantêm exposição à Ambipar, pressionando gestores a revisarem suas estratégias de risco.

O futuro ainda é incerto. Se a tutela cautelar for concedida, a empresa pode ganhar tempo para renegociar dívidas, mas ainda precisará demonstrar a real disponibilidade de caixa para cumprir compromissos. Caso contrário, a justiça pode autorizar um processo de recuperação judicial – cenário que, segundo o conselho de administração, seria “um último recurso para preservar operações e empregos”.

O que os analistas recomendam?

Corretoras como XP Investimentos e BTG Pactual mantêm recomendações de “venda” ou “fora”. O consenso do Bloomberg Intelligence aponta para “alto risco de insolvência” nos próximos seis meses, a menos que a Ambipar consiga provar a existência dos recursos alegados no FIDC.

Enquanto isso, o mercado acompanha de perto o desenrolar das negociações com credores internacionais e a resposta da S&P, que pode rever a nota de crédito da empresa ainda nesta semana.

Resumo dos fatos‑chave

Resumo dos fatos‑chave

  1. Queda de 45,82% em 3/10/2025, atingindo R$ 1,49.
  2. Desvalorização acumulada de 88% em 30 dias.
  3. Irregularidades suspeitas em FIDC ligado à empresa.
  4. Caixa declarado de R$ 4,7 bi versus US$ 80 mi efetivamente encontrados.
  5. Contratação da BR Partners e pedido de tutela cautelar no Rio de Janeiro.

Perguntas Frequentes

Como a crise da Ambipar afeta os investidores de varejo?

Os investidores que compraram as ações entre 2023 e 2024 viram seus papéis perder até 90% de valor, passando de cerca de R$ 8,50 para menos de R$ 1,00. Muitos ainda mantêm as cotas, aguardando um eventual plano de recuperação ou um possível compra por outra empresa do setor.

Qual a relação entre o FIDC e a suposta falta de caixa?

De acordo com investigações do Pipeline, a Ambipar usava o FIDC como "casa de penhor" para direitos creditórios que, em teoria, garantiriam liquidez. Contudo, credores não encontraram mais do que US$ 80 mi nos ativos, muito aquém dos R$ 4,7 bi declarados no relatório trimestral, levantando dúvidas sobre a real capacidade de pagamento.

O que a tutela cautelar no Rio de Janeiro significa para a empresa?

A tutela cautelar busca impedir que credores acionem cláusulas de vencimento antecipado, dando à Ambipar tempo para reorganizar suas finanças. Se concedida, pode evitar um agravamento imediato da crise, mas não resolve o problema estrutural de liquidez.

Qual o papel da BR Partners na situação?

A BR Partners foi contratada como assessoria financeira para conduzir negociações com credores, avaliar a viabilidade de um plano de reestruturação e, possivelmente, coordenar um processo de recuperação judicial. Seu ingresso marcou a tentativa de a Ambipar mostrar que está buscando soluções profissionais.

Existe risco de a Ambipar entrar em falência?

Os analistas consideram o risco de falência elevado se a empresa não provar a disponibilidade de recursos no FIDC ou não fechar um acordo com os credores. Uma eventual recuperação judicial ainda é possível, mas dependerá da aprovação judicial e da disposição dos credores em aceitar novos termos.

17 Comments

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    Luís Felipe

    outubro 9, 2025 AT 02:15

    É inadmissível que uma empresa brasileira de destaque como a Ambipar pese sobre a credibilidade do nosso mercado de capitais. A gestão tem a responsabilidade de zelar pela confiança dos investidores nacionais, sobretudo em setores estratégicos de meio ambiente. Quando há indícios de irregularidades, a resposta imediata deve ser a instauração de auditorias independentes, com rigor técnico e transparência total. A narrativa de "crise temporária" não pode servir de escudo para práticas que comprometem o patrimônio dos acionistas brasileiros. Só assim poderemos preservar a integridade do nosso sistema financeiro.

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    Maria Daiane

    outubro 11, 2025 AT 15:45

    Ao analisarmos o colapso da Ambipar, emergem reflexões sobre a fragilidade estrutural dos modelos de governança corporativa contemporâneos. O uso de veículos fiduciários como FIDC exige uma camada adicional de due diligence, sob pena de geração de risco sistêmico latente. A discrepância entre o caixa declarado e o efetivamente localizado revela uma lacuna de informação que pode ser interpretada como assimetria informacional. Essa assimetria compromete o princípio da eficiência de mercado, base da teoria de preços de ativos financeiros. A mitigação desse problema passa pela adoção de métricas de transparência real-time, alinhadas aos standards internacionais de reporting. Em suma, a situação ilustra a necessidade de um reequilíbrio entre ambição de crescimento e solidez institucional.

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    Jéssica Farias NUNES

    outubro 14, 2025 AT 05:15

    Claro, porque nada diz "profissionalismo exemplar" como transformar um fundo de investimento em palco de novela corporativa. O espetáculo de promessas vazias merece um Oscar de melhor atuação fraudulenta.

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    Elis Coelho

    outubro 16, 2025 AT 18:45

    Todo esse drama tem roteiro pré‑estabelecido os grupos de poder que controlam o mercado manipulam informações para benefício próprio a ambipar foi apenas mais um peão no tabuleiro deles a verdade está nos documentos que não foram divulgados publicamente e que mostram a real extensão das dívidas ocultas

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    Cris Vieira

    outubro 19, 2025 AT 08:15

    A recente contratação da BR Partners indica que a empresa busca expertise externa para reestruturar seu passivo. Essa medida pode acelerar a negociação com credores internacionais, reduzindo o risco de default. Contudo, a efetividade depende da capacidade da assessoria em mapear ativos líquidos ocultos. O acompanhamento próximo dos indicadores de liquidez será crucial nos próximos relatórios trimestrais.

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    Andresa Oliveira

    outubro 21, 2025 AT 21:45

    A transparência é condição sine qua non para a confiança dos investidores.

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    caroline pedro

    outubro 24, 2025 AT 11:15

    O panorama atual da Ambipar nos oferece uma oportunidade única de refletir sobre os alicerces da economia de risco.
    Ao observarmos a espiral descendente das ações, percebemos que os mercados não são apenas mecanismos de precificação, mas também espelhos de confiança coletiva.
    Cada ponto percentual perdido representa não só um número contábil, mas a erosão de expectativas que investidores depositam em projetos de longo prazo.
    Neste contexto, a política de governança corporativa emerge como pilar indispensável para sustentar a credibilidade institucional.
    Quando um diretor financeiro abandona o convés, a tempestade de dúvidas se intensifica, revelando lacunas de comunicação que deveriam ter sido preenchidas por processos de sucessão bem estruturados.
    O uso de fundos de investimento em direitos creditórios, embora inovador, requer transparência absoluta e mecanismos de auditoria independente, sob pena de gerar assimetrias informacionais que desestabilizam todo o ecossistema financeiro.
    A discrepância entre o caixa anunciado de R$ 4,7 bilhões e os US$ 80 milhões efetivamente encontrados é sintomática de falhas sistêmicas que demandam intervenção regulatória.
    Por conseguinte, a atuação da agência de classificação de risco, como a S&P, torna‑se ainda mais relevante para sinalizar ao mercado a necessidade de revisão de ratings.
    A contratação da BR Partners, por sua vez, pode ser encarada como um sinal de que a empresa está disposta a buscar soluções estruturais, porém a eficácia dessa medida dependerá da qualidade dos planos de reestruturação propostos.
    É imprescindível que a assessoria apresente um diagnóstico detalhado das obrigações de curto prazo e das possibilidades de renegociação com credores estrangeiros.
    A tutela cautelar buscada no Rio de Janeiro pode, em teoria, proporcionar um respiro temporário, mas não elimina a urgência de reforçar o capital de giro.
    Investidores que mantêm posições na ação precisam, portanto, reavaliar seus portfolios à luz desses desenvolvimentos, adotando uma postura mais cautelosa.
    Ao mesmo tempo, é recomendável que gestores de fundos diversifiquem suas exposições, reduzindo a concentração em ativos de alta volatilidade e risco de insolvência.
    Em última análise, a situação da Ambipar ilustra a complexa interdependência entre gestão interna, supervisão regulatória e confiança dos mercados, lembrando-nos de que a solidez financeira não é construída apenas por números, mas por princípios de transparência e responsabilidade.
    Que este episódio sirva de lição para outras companhias que, antes de perseguirem crescimentos exponenciais, invistam em estruturas de governança robustas e em comunicações claras com seus stakeholders.

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    Eduarda Antunes

    outubro 27, 2025 AT 00:45

    Concordo plenamente, a transparência não deveria ser opcional, é a base de qualquer relação saudável entre empresa e investidor. Se a Ambipar conseguir mostrar de forma clara onde está o dinheiro, ainda dá tempo de reconquistar a confiança. A BR Partners pode ser o parceiro certo pra virar esse jogo, desde que aja tudo à vista. Vamos acompanhar de perto e torcer por uma solução que beneficie todos.

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    Rafaela Gonçalves Correia

    outubro 29, 2025 AT 14:15

    Eu sempre suspeito que por trás dessas crises existam forças que se alimentam da instabilidade dos mercados, e a Ambipar não seria exceção. Quando um FIDC aparece como solução milagrosa e logo se transforma num buraco negro de capital, fica claro que alguém está manipulando as regras do jogo. Há indícios de que certos grupos de investidores institucionais podem estar usando o véu da complexidade jurídica para esconder perdas reais. Além disso, a escolha de contratar assessorias internacionais pode ser uma cortina de fumaça para desviar a atenção da população. Os analistas que apontam “alto risco de insolvência” podem estar, na verdade, confirmando a tese de que há algo maior em movimento. Se a tutela cautelar for concedida, pode ser apenas um tapa‑buraco temporário antes de um desfecho ainda mais dramático. Por isso, vale ficar atento à evolução dos documentos judiciais que ainda não foram divulgados. No fim das contas, a transparência total será a única arma contra esses jogos de poder.

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    Davi Gomes

    novembro 1, 2025 AT 03:45

    Mesmo diante da tempestade, vejo oportunidades para investidores que sabem lidar com volatilidade. Caso a Ambipar consiga reestruturar sua dívida, o preço das ações pode disparar novamente. Enquanto isso, diversificar o portfólio continua sendo a melhor estratégia.

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    Luana Pereira

    novembro 3, 2025 AT 17:15

    A ambiguidade nos relatórios financeiros compromete a avaliação de risco para os investidores. Sem dados verificáveis, a classificação de crédito torna‑se especulativa. É imprescindível que a empresa apresente auditoria independente para validar os números declarados.

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    Francis David

    novembro 6, 2025 AT 06:45

    Entendo a preocupação de quem acompanha a situação e concordo que a comunicação clara é essencial. Ao mesmo tempo, reconheço os esforços da diretoria em buscar apoio especializado. Devemos observar os próximos relatórios para validar a eficácia das medidas adotadas.

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    José Cabral

    novembro 8, 2025 AT 20:15

    A reestruturação exigirá disciplina fiscal rigorosa. O tempo será decisivo para a sobrevivência da companhia.

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    Maria das Graças Athayde

    novembro 11, 2025 AT 09:45

    👏 Agradeço a todos que estão compartilhando análises detalhadas. 🙏 Continuemos vigilantes e solidários.

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    Thabata Cavalcante

    novembro 13, 2025 AT 23:15

    Não vejo problema nenhum, o mercado vai se adaptar.

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    Carlos Homero Cabral

    novembro 16, 2025 AT 12:45

    Excelente ponto!!! 😊 Vamos ficar de olho nas próximas notícias e apoiar a recuperação da empresa!!! 🚀💪

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    Andressa Cristina

    novembro 19, 2025 AT 02:15

    ⚡️ Que confusão, né? 🔍 Cada detalhe parece um labirinto de cifras escondidas, mas com a equipe certa tudo pode se esclarecer. 🌟 Vamos esperar que a verdade vença e o mercado respire aliviado.

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